Eu me lembro claramente do dia em que me contaram na escola que tomate não era legume. Meu mundo caiu. Até aquele dia, eu sempre pensei que tomate -sempre na seção de legumes da venda, feira e mercado -só podia ser legume. Mas não, tomate era fruta e eu tive que ler isso com meus próprios olhos no livro de ciências para poder aceitar aquele fato trágico. Eu me senti um completo ignorante ao descobrir aquilo, e caí na real que sabia muito pouco sobre as coisas que eu comia.
De um certo modo, nós sabemos muito pouco sobre os alimentos que ingerimos. Pouca gente sabe, por exemplo, que o tomate -apesar de ser fruta – é um dos vegetais mais consumidos em todo o mundo. Mas você sabe dizer de onde veio o tomate? Ele sempre esteve por aí? Não. O tomate tem uma história bem curiosa e é isso que eu pretendo contar aqui neste post.
Curiosamente, a batata -acredite se quiser! – faz parte da família do tomate. Não só ela, como a pimenta, a berinjela e o pimentão. (eu esperava que o chuchu também fosse, mas este não sei se é)
Não há um consenso entre os estudiosos das origens dos vegetais de onde veio o tomate exatamente. Alguns especialistas defendem que os tomates foram introduzidos no mundo através do povo Inca no Peru que cultivavam espécies nativas, ainda silvestres do fruto que daria origem a todas as variações posteriores. Este tomate original se chamavaLycopersicum cerasiforme.
Outros especialistas apostam que o tomate surgiu no México, terra onde abunda este tipo de planta.
O tomate pertence a um extenso rol de alimentos da América pré-colombiana totalmente desconhecidos do Velho Mundo antes das grandes navegações, do qual fazem parte o milho, vários tipos de feijões, batatas, frutas como abacate e o cacau (de cujas sementes se faz o chocolate), afora artigos de uso nativo que se difundiram, como o chicle (seiva de Sapota (ou sapoti)) e o tabaco. Estes alimentos só chegaram ao velho mundo no século XVI.
Inicialmente o tomate era tido como venenoso pelos europeus e cultivado apenas para efeitos ornamentais, supostamente por causa de sua conexão com as mandrágoras, variedades de Solanáceas usadas em feitiçaria. Sómente no século XIX é que o tomate passou a ser consumido e cultivado em escala cada vez maior, inicialmente na Itália, depois na França e na Espanha. Durante este século, os europeus que retornavam da América após as viagens ao novo mundo, levaram ao velho mundo a fruta vermelha, que imaginavam ser venenosa.
Nos EUA, o mesmo era tida como veneno e as pessoas morriam de medo dos frutos vermelhos, talvez por uma associação direta com o sangue ou pela mandrágora como dito anteriormente.
Nos Estados Unidos, o tomate foi temido até o ano de 1830, quando um sujeito chamado Robert Johnson subiu nas escadarias da prefeitura de Salem em New Jersey e comeu um tomate inteiro, para espanto total da platéia que assistia ao macabro ritual de “suicídio”.
O povo permaneceu ali, parado por vários minutos esperando que Johnson morresse com o veneno do tomate, mas como isso não aconteceu, as pessoas perceberam que o tomate era um fruto totalmente sem risco e dali em diante o tomate começou a se popularizar nos Estados Unidos.
Quando os tomates chegaram no Velho mundo, ainda não se sabia o que fazer com eles, uma vez que eram muito ácidos para comer como fruta. Foi aí que um chef da corte espanhola chamado Antonio Latine resolveu usar o fruto misturando tomates, cebolas e óleo de oliva para criar um molho. Estava criado o primeiro molho de tomate e daí em diante a popularização do fruto cresceu exponencialmente.
Hoje, segundo dados da Embrapa (2002) o volume produzido no país é cerca de 1,28 milhão de toneladas, em uma área de 18,25 mil hectares. Portanto, a produtividade média é de aproximadamente 70 toneladas por hectare. No mundo o maior produtor mundial da fruta é a China, seguida pelos Estados Unidos. De certo modo isso é uma vergonha para o Brasil, já que temos o clima e as condições mais favoráveis do planeta para a plantação do fruto (taxa de insolação+água em abundância, terra fértil e grande área cultivável) e estamos na nona posição mundial no ranking, atrás do Egito, do Irã e da Turquia.
O Brasil ostenta a nona posição no ranking com uma safra de 3,3 milhões de toneladas em 2006, conforme informações da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) mas é o terceiro na questão da produtividade. Recentemente inovações tecbnologicas permitiram ao país melhorar suas médias e é possível que no futuro subiremos no ranking de produção.
Mas vergonha mesmo é quando nos damos conta que o nosso Brasil, tão rico e propício para o plantio de alimentos, não só é um péssimo exportador de tomate (praticamente não exporta) como precisa IMPORTAR molho de tomate para atender a demanda interna. Em 1997, as importações brasileiras somavam 70 mil toneladas, sendo que 34 mil toneladas vieram do Chile, de acordo com o USDA (departamento de agricultura dos EUA).
Explicar por que o Brasil não é o maior exportador de tomate no mundo é simples. As razões para essa baixa inserção no mercado internacional são: alto custo do produto nacional, grande distância dos principais países consumidores e barreiras ao comércio externo. Os custos são altos em função de impostos, dificuldades em obtenção de créditos agrícolas, falta de especialização e profissionalização, e alto custo da fruta, uma vez que mesmo com todos os avanços obtidos na produtividade do tomate na última década, o tomate nacional custa O DOBRO do tomate chinês e norte americano.
Isso sem falar que o comércio de tomate fresco é bastante regionalizado e dificilmente ocorre entre continentes. Estudos revelam que mais de 90% das hortaliças frescas (não só tomate) do mundo são consumidas em um raio de até 1.000 km do local de onde foram produzidas. Se o Brasil passasse a investir mais no setor de exportações do fruto fresco, o mercado seria restrito à América do Sul e, mesmo assim,
a distribuição para muitas das importantes cidades de países vizinhos seria complicada. Buenos Aires, por
exemplo, fica a mais de 2.000 km de São Paulo. Produtores de Santa Catarina poderiam ser favorecidos pela
menor distância até a Argentina, mas a colheita nesse estado é quase toda concentrada no verão, quando
nossos hermanos também colhem. Além disso, o aumento produtivo tem que ser visto sob uma ótica de mercado pois o maior consumidor de tomate na América do Sul e o Brasil.
a distribuição para muitas das importantes cidades de países vizinhos seria complicada. Buenos Aires, por
exemplo, fica a mais de 2.000 km de São Paulo. Produtores de Santa Catarina poderiam ser favorecidos pela
menor distância até a Argentina, mas a colheita nesse estado é quase toda concentrada no verão, quando
nossos hermanos também colhem. Além disso, o aumento produtivo tem que ser visto sob uma ótica de mercado pois o maior consumidor de tomate na América do Sul e o Brasil.
Atualmente, o maior fabricante de molho de tomate é a itália. Mas há pouca plantação de tomate na Itália. O que ocorre é que os italianos compram o tomate dos Chineses, processa, converte em molho e exporta para toda a Europa. Outro fator que ajudou a popularizar e expandir o tomate foi o sistema de fastfood que atingiu todo o mundo.
0 comentários:
Postar um comentário